sexta-feira, 8 de março de 2013

Elián recebe carta do pai, Juan.

Cárdenas, 25 de novembro de 2014.

Filho,

Hoje completa 15 anos que renasceste, ao cruzares as fronteiras cubanas rumo ao exílio na "Havana americana", a "Little Havana", na Flórida. Para mim, a tua existência é um milagre. Elián, és o meu "niño milagro". De símbolo da legitimidade cubana a motivo de culto religioso, de simples garoto à personificação do poder castrista. Entre todas essas denominações, a que eu mais tenho orgulho é a de "filho de Juan".

És um homem de 21 anos, por isso tens maturidade para compreender que aqueles dias de refúgio na colônia cubana, na Flórida, foram importantes para que eu conseguisse a tua guarda permanente e proteção legal, entendes Elián? Quero que me perdoes pelo sofrimento que passaste sob a tutela de tua família materna e de teu avô Lázaro. Eles vivem e acreditam que a democracia é alienante, por isso se dizem autocráticos e praticam leis próprias.

Na época, Elián, o presidente dos EUA Bill Clinton apoiou a tua volta para casa, mas não por comoção, foi por pura pressão e estratégia política. Em casos como esse o ser humano deixa de ser e de sentir e passa a ser mero instrumento ideológico. De um lado, a Fundação Cubano-Americana, que financia a "Little Havana" anticastrista nos EUA deu auxílio jurídico ao seu avô Lázaro. De outro, a juíza Janet Reno determinou a sua volta para Cárdenas, sob a minha guarda. No centro, a impresa internacional embalava essa dança diplomática durante os sete longos meses de negociação. No fim, vencemos.

Parabéns por ser quem és, Elián, por ser exemplo e por confiar na minha decisão de querer te educar na nossa Cuba, entre as gardênias de Cárdenas e os ensinamentos de Fidel.

Com amor,
Teu pai, Juan.

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